quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Castelo de Areia

           Quando era criança não gostava de fazer castelos de areia porque sempre aparecia uma onda para fazer meu castelo sumir. A sensação da perda, a perda do que eu fizera com tanto cuidado, me chateava muito. O novo castelo nunca ficava bom, a areia já não era mais a mesma.
           Sempre gostei mais de brincar no mar. O mar com todo o seu tamanho, com a força das ondas, com a possibilidade de escolher se queria ir mais fundo ou não. As ondas que começam pequenas, ficam fortes, quebram, voltam a ficar pequenas e retornam para reiniciar o ciclo.
          Quando cresci percebi que na maioria das vezes estamos mais para castelos de areia do que para o mar. Somos muito mais frágeis do que fortes e potentes. É preciso estar sempre alerta para as ondas que chegam. Elas podem vir e nos derrubar, mas nunca podemos deixar que nos destruam. É preciso viver como o mar, voltar e recomeçar o ciclo.
Virginia Pelizzoni

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Realidade X Ilusão

Tenho a sensação de que vivo dentro de uma montanha russa. Ora está plano, ora está subindo, ora descendo e ora estou de cabeça para baixo!!
Tudo o que quero é aprender a viver dentro dela. É tirar proveito de todos os momentos, curtir o que se apresenta, aproveitar o agora sem criticas moralistas, sem auto-piedade e com muita presença de espirito. 
Quero a plenitude, quero a felicidade, quero a intensidade, quero viver a essencia de cada momento, quero mais do menos.
Quero saber viver fora do Pais das maravilhas, deixar de acreditar em conto de fadas. Ser realista, viver a vida como ela é. Quero a vida sem lente especial, sem fotoshop. Quero luz natural!
Quero a vida real. O resto, é ilusão.

Virginia Pelizzoni   

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O que é Acompanhamento Terapeutico?

          O acompanhamento terapêutico surgiu em 1971, na Argentina, como uma alternativa para pacientes crônicos que não respondiam ao tratamento convencional. Atualmente, com a reforma psiquiátrica, a desistitucionalização é algo fundamental para qualquer tratamento terapeutico, onde existe a busca pela autonomia e desenvolvimento do paciente. Busca ajudá-lo a ser ativo em sua vida e não acomodado e dependente.      
          O acompanhamento terapêutico é um trabalho diferenciado em que o terapeuta acompanha o paciente nas mais diversas tarefas e atividades diárias, possibilitando-lhes lidar com as questões conflitantes no momento em que aparecem. O terapeuta desenvolve projetos com os mais diversos quadros clinicos: depressivos, fóbicos, dependentes quimicos, disturbios alimentares entre tantos outros. Participa da reconstrução simbólica do sujeito após o desencadeamento da crise ou de um momento de intensa necessidade. O campo de trabalho do A.T. é o próprio espaço público, pode acontecer fora de instituições convencionais ou de consultórios. Acontece a imersão do terapeuta na vida do paciente.
           Virginia Pelizzoni      

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tu tens medo de quê???

           Medo de perder o emprego. Medo de engordar. Medo de perder alguém. Medo de sair a noite. Medo de ficar só. Medo do escuro. Medo de ser assaltado. Medo de sofrer acidente. Medo de trocar de emprego. Medo de casar. Medo de mudar de cidade. Medo de começar um novo relacionamento. Medo de mudar de profissão. Medo de arriscar. Medo de envelhecer. Medo de ser abandonado. Medo, Medo, Medo, Medo. O novo nos causa medo. E o velho também. A instabilidade nos causa medo. E a estabilidade também. Medo de ter e perder ou medo de nunca ter.
          Somos cheios de medos contraditórios. Ao mesmo tempo que se quer algo, se tem medo de lutar por isso. Ralph Waldo Elerson, filósofo e poeta, disse: "Faça aquilo que você receia e a morte do medo será certa." É tão fácil reclamar que a possibilidade da felicidade é assustadora.
          Ver o tamanho da competência que temos, o quanto somos capazes de produzir, de criar e de inovar nos dá medo e até paralisa. Qual o preço dessa paralisia? Ele pode ser bem alto. Pode resultar em uma vida sem alegrias, sem profundidade, sem realizações, sem certezas. Só temos certeza daquilo que vivemos e, só vivemos aquilo que nos permitimos. Nada é igual e nenhum minuto volta para tomarmos uma nova decisão.  É preciso viver o agora e ser feliz já. Se o medo tomar conta de mim não vou ser quem eu poderia ser, e nem viver a experiência que poderia ter vivido.
          A estagnação não nos causa dores e nem amores. Não nos causa surpresas e nem certezas. Não nos dá o futuro e nem volta ao passado. Não é vida e nem morte. A estagnação  é o limbo. É o nada.

Virginia Pelizzoni

sábado, 4 de setembro de 2010

O Redescobrir Das Pessoas
As pessoas precisam conhecer-se cada vez mais para desenvolver sua auto-estima, redescobrir a emoção no trabalho e conquistar seu espaço na era da globalização

          Nesse momento de transformações que estamos vivendo criar filhos, trabalhar e se realizar como pessoa e profissional passa a ser o nosso maior desafio. E ele será vencido apenas com a descoberta do que e quem somos e que missão estamos cumprindo neste universo. Cada um de nós ao optarmos por determinadas metas de vida nos deparamos com diversas questões sem respostas. "Essas respostas serão dadas somente com a evolução dos relacionamentos afetivos que mantemos na família, no trabalho e com nós mesmos", assinala Roberto Shinyashiki, consultor organizacional, psicoterapeuta e diretor do Instituto Gente, lembrando que "somos eternos aprendizes e aqui estamos para desvendar os mistérios da vida". Com sua experiência de médico especialista em gente, ele propõe que estes mistérios serão mais facilmente reconhecidos se tivermos relações profundas e significativas com os nossos pais, filhos, amigos e colegas de trabalho. Somos, no seu entender, uma espécie de companheiros de viagem.
          Viagem para uns, trilha e caminho para outros, o que importa é que este processo de viver nos obriga a enfrentar constantes mudanças. E são estas mudanças que definem atitudes e comportamentos que adotamos diante dos outros e de nós mesmos. Para interpretar, conviver e colaborar com a adaptabilidade das pessoas no mundo das organizações, da família e da vida social, cada vez mais surgem cursos, seminários, workshops e consultores especializados em autoconhecimento. Conhecer-se passou ser a chave da virada para o sucesso profissional e a realização pessoal. "Antigamente o foco das empresas estava na tecnologia e no processo de produção. Hoje tudo está voltado para o indivíduo e seu aperfeiçoamento como pessoa e profissional. É preciso entendê-lo e o incorporar aos sistemas de gestão das empresas. E o mais importante é deixá-lo à vontade com o seu meio social, isto é, tentar realizar parte de seus sonhos e desejos", comenta Benê Catanante, psicóloga e sócia-diretora da Com Ciência Recursos Humanos, empresa de consultoria voltada ao desenvolvimento profissional e pessoal.
          O mercado para todos, a chamada globalização, a reestruturação das empresas, a redução nos postos de trabalho e a competitividade acabaram por reduzir as relações cordiais entre as pessoas. "As coisas do coração parecem ser de outros tempos", assinala Waldemar Helena Júnior, consultor de empresas e advogado, autor do livro Alquimia do Encontro - Um guia de qualidade nas relações pessoais e profissionais - editado pela Editora Gente - afirmando que "reencontrar-se consigo mesmo e com o outro é parte da vida e se o encontro afetivo parece ter ficado para trás, é preciso recuperá-lo, com urgência, para que faça parte do presente".
          "Diálogo transparente, negociação, olho no olho, parceria e confiança,para gerar o comprometimento entre as pessoas", é a receita do consultor para que haja crescimento pessoal e profissional. Ele lembra que o ser humano é um poço sem fundo de expectativas, sempre barganhando frustações e ansiedades. A grande questão ao ser ver, é o tempo de permanência em uma dessas situações. "A perplexidade é positiva,mas não pode perdurar por muito tempo sem solução", comenta. Em seu livro Waldemar Helena comenta ainda as mudanças que transformaram o processo produtivo nas organizações e os paradigmas ainda vigentes e emergentes no dia-a-dia do trabalho.
          "Coração no Trabalho" é um dos últimos lançamentos da Ediouro no mercado editorial nacional. O livro, de Jack Canfield e Jacqueline Miller, publicado originalmente nos Estados Unidos, conta histórias e estratégias para construir a auto-estima e redescobrir a emoção no trabalho. Ele é um exemplo de que no mercado norte-americano o tema já está amplamente debatido e que também representa uma tendência a nível das empresas o foco na auto-realização das pessoas. "O ambiente de trabalho nas organizações modernas está levando ao endurecimento do espírito humano. Reagindo contra isso, as pessoas estão manifestando suas emoções, exigindo "espírito no trabalho ", destaca Willis Harman no prefácio do livro, sublinhando que "está na hora de levar o coração ao local de trabalho e de analisar o que estamos fazendo uns com os outros e com o nosso trabalho".
          Lavínia Lins Coelho, psicoterapeuta do Hospital do Servidor de São Paulo, considera essencial a retomada da emoção no trabalho. "Nos últimos tempos aumentou-se muito a abrangência do não consigo e não posso. Isto esconde a atitude cômoda e até covarde das pessoas de não ter que tomar posição em relação aos fatos que o cercam. "É como se estivéssemos decidido ver no escuro e isso fosse confortável", comenta. Na sua avaliação, este comportamento só gera mais dificuldades na vida das pessoas porque no fundo "elas têm consciência do seu estado do ser". Infelizmente ele não se manifesta com alegria de viver e de trabalhar, muito menos em se relacionar com os outros. "Mau humor, irritabilidade, violência com o outro, isolamento e mal estar são sintomas corriqueiros que as pessoas não sabem identificar como sendo o resultado da sua inércia e existencial", assinala.
          Esta inércia, na sua opinião, é a falta de conscientização das pessoas de que elas são agentes, atores e únicos responsáveis pelas suas próprias vidas e que somente com suas próprias forças farão mudanças no meio onde vivem. "Não é preciso mudar os outros e o mundo inteiro para que nos sentir bem com nós mesmos", justifica ." É preciso ter vontade de conhecer-se a si mesmo. Aceitar os papéis que temos que viver no meio social e sobretudo saber fazer escolhas que satisfaçam nossa maneira de ser e de sentir o mundo em que vivemos", observa. Lavínia Coelho comenta ainda que as relações interpessoais são hoje os maiores focos de conflitos e de insatisfação com quem convive com o universo do trabalho. "O que as pessoas ainda não consideram é que podem mudar, melhorar e até acrescentar novos padrões nos seus relacionamentos no trabalho". A auto-estima, ora em discussão nas empresas, para ela, pode ser algo extremamente positivo para modificar atitudes negativistas e gerar um ambiente mais saudável para todos.

Alexandre Garrett