quarta-feira, 26 de março de 2014

Carrasco interno

Somos realmente complexos. Sonhamos com uma vida que nem sempre conseguimos alcançar, muitas vezes, por conta das nossas próprias armadilhas.
Queremos mudar alguns caminhos, mas temos medo de enfrentar o novo. É como se tivéssemos um carrasco dentro de nós mesmos, algo que nos puxa ou empurra para o oposto da direção que queremos. E o pior disso é que sempre encontramos um responsável que não somos nós.
Hoje li um texto no Blog do Frederico Mattos, um psicólogo muito bacana, que fala muito bem sobre esta questão. Achei tão interessante que resolvi incluir aqui. Boa reflexão!!

Texto de Frederico Mattos - Quanto ódio!

Se uma pessoa dissesse na sua cara que é burra como uma anta…
Se uma pessoa dissesse com gritos que você faz tudo errado e é motivo de decepção profunda…
Se uma pessoa dissesse que sua vida é um fracasso…
Se uma pessoa tentasse impedir você de alcançar o seu sonho mais lindo…

…provavelmente ficaria indignada e muito chateada de como essa pessoa pode ser tão cruel e cheia de ódio com você.
Mas se essa pessoa é você mesma por que acha isso normal?
Já notou quanto você se ofende, agride, humilha, desmerece e boicota ao longo da vida?

Se alguém tentasse interferir no seu relacionamento amoroso e colocasse tudo a perder ela seria alguém sem coração, mas e quando esse alguém é você mesma colocando seu relacionamento em risco?
Você ficaria muito magoada se alguém tentasse dizer que nunca vai chegar tão longe ou tentasse atrapalhar sua concentração na hora dos estudos ou exames finais, mas e se fosse você a distrair sua atenção nesses momentos decisivos?
Você ficaria arrasada se alguém tentasse enfiar comidas em excesso em sua goela a baixo, mas porque acha razoável quando você se entope nas refeições?
Você ficaria arrasada se seu chefe sempre fizesse uma avaliação péssima do seu trabalho, mas por que aceita que um tirano interno desmereça tudo o que faz?
Por que acharia uma falta de caráter que alguém tentasse estragar o seu prazer a todo o momento, mas por que parece compreensível que você subtraia sua paz de espírito constantemente ao tentar prever o futuro e controlar as pessoas?
Você denunciaria alguém que a ofende, ameaça, bate ou manda calar a boca, mas nunca ousa interromper quando essa agressão é um eco de si mesma na sua cabeça.
Parece que o ódio vindo de fora é violência, mas o que vem de dentro é normal, uma forma de se regrar ou é aceitável.
Conversando diariamente com pessoas de todos os tipos o que noto em muitos casos é uma quantidade de autorrecriminação do tipo que nem o pior inimigo faria por causa de enganos banais do cotidiano.
Nessas horas pergunto por que tanto ódio consigo mesmo?

Por que tanto castigo autoinflingido?
Por que tão pouca tolerância com os próprios tropeços?
Por que tão pouca compaixão em momentos de pressão, perda e vulnerabilidade?
Por que você se machuca tanto emocionalmente?
Por que espera tanto amor e consideração dos outros sendo incapaz de se acolher num dia ruim?
Por que aceita com tanta facilidade um autoinsulto e silencia um autoelogio?
Por que está sempre se tirando do centro da sua vida e colocando alguém que não tem o mesmo valor?
O que você fez de tão maligno para merecer receber tão pouca humanidade de si mesma?
Por que tanto ódio de si?
 
 Fonte: http://www.sobreavida.com.br/2014/03/26/quanto-odio/

quarta-feira, 19 de março de 2014

Alimentação e aprendizagem

          Tenho falado muito nos meus atendimentos sobre a importância da boa alimentação no processo de aprendizagem, pois percebo que esta questão não recebe a atenção necessária. Existe uma tendência das crianças comerem apenas o que gostam, pela facilidade ou falta de insistência dos adultos, e dos adolescentes não comerem, ou comerem de forma errada, pela preocupação com a estética. É comprovado que o bom funcionamento cerebral e da memória, está diretamente ligado a correta ingestão dos nutrientes. Dessa forma, o fato de não ter uma alimentação equilibrada e saudável pode, e vai, interferir no bom desenvolvimento das aprendizagens de crianças, adolescentes e, também, adultos.
          Para aumentar nosso conhecimento, segue uma interessante matéria da nutricionista Cristiane Perroni, no site Eu Atleta, sobre este assunto. 
Bom apetite!! 


Boa alimentação interfere na função cerebral e aumenta a concentração

Alimentação melhora o raciocínio.
Será que tranquei a porta de casa? Eu tomei o remédio hoje? Onde deixei meu celular?
Se você precisa pensar com mais clareza, melhorar a memória e aumentar o poder de concentração para tomar decisões, a solução pode estar na sua alimentação.
Tudo aquilo que ingerimos exerce um grande impacto sobre a função cerebral, podendo interferir no humor, no pensamento, no comportamento, na memória, no aprendizado e no envelhecimento celular.

Através de uma alimentação colorida e variada, podemos fornecer os nutrientes necessários para manter o cérebro ativo e saudável.

Alimentos importantes para o bom funcionamento cerebral:
- Carboidratos
Os carboidratos - cereais, pães, massas, hortaliças, frutas - devem constituir, no mínimo, 50% da dieta. A glicose é o combustível energético do cérebro. Por isso, é fundamental alimentar-se em horários regulares - a cada três horas - e fazer de cinco a seis refeições para manter a glicemia estável durante todo o dia.

- Frutas e vegetais verde-escuros
Fontes de vitamina C, eles são um importante antioxidante que protegem os neurônios dos danos oxidativos dos radicais livres.

- Castanha do Pará, nozes e amêndoas
Ricos em vitaminas E e selênio, reduzem o estresse oxidativo e seu dano às células do cérebro, melhoram o sistema imune e protegem contra o envelhecimento celular.

- Peixes
Excelentes fontes de ômega 3, os peixes - salmão, atum, arenque e sardinha - são importantes para a função neurológica, sensibilidade cognitiva, aprendizado e comportamento.

- Farinha de linhaça
A farinha de linhaça tem efeito anticarcinogênico, antiaterogênico - diminuindo a LDL e aumentado a HDL - e também é uma boa fonte vegetal de ômega 3.

- Ovos
A gema do ovo é rica em colina, um nutriente necessário à transmissão nervosa, à regulação biliar e ao funcionamento do fígado. Ela minimiza o excesso de gordura no fígado, ajuda na produção de hormônio e é necessária ao metabolismo de lipídeos e colesterol. Sem colina, o funcionamento do cérebro e a memória ficam prejudicados.

- Leite e derivados, mel, aveia, cereais integrais e leguminosas (feijão, lentilha e soja)
Estes alimentos são fontes de triptofano, aminoácido precursor da serotonina. A serotonina (5-HT) desempenha um importante papel no sistema nervoso, com diversas funções, como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, a temperatura corporal, o apetite, o humor, a atividade motora e as funções cognitivas.


Por Cristiane Perroni, Rio de Janeiro, em
http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2013/06/boa-alimentacao-interfere-na-funcao-cerebral-e-aumentar-concentracao.html

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


"A garantia de um lindo espetáculo, na dança e na vida, é não se deixar vencer pelas dificuldades. 
A confiança em si, a atenção amorosa nas direções, a segurança nos próprios passos, são ingredientes indispensáveis para uma bela coreografia."
 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Além da sociabilidade


                A ida de uma criança autista para a escola regular deve ser vista como um universo de estímulos e possibilidades, e não apenas como um benefício à socialização. Se o objetivo for exclusivamente este, podemos inseri-lo em qualquer outro grupo, como esportivo ou de artes. A escola regular pode oferecer uma serie de aprendizados pedagógicos e cognitivos que devem ser exigidos pelos cuidadores.

            Segundo uma dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo (USP), apenas 27,7% dos pais de crianças com autismo avaliam que a escola colabora na aprendizagem acadêmica do filho. Por outro lado, 85% deles entendem a escola como uma experiência positiva e 53% acreditam que o desenvolvimento social é o resultado mais relevante na freqüência às aulas.

Para realizar sua pesquisa, Ana Gabriela Lopes Pimentel ouviu 56 cuidadores na região oeste da Grande São Paulo. Do total, 54 crianças iam para escola. A maioria dos pacientes era meninos, com idade entre 3 e 16 anos. Para Ana Gabriela, a pouca menção dos resultados educacionais dos filhos é devido a um de dois fatores: ou o potencial educativo das crianças e adolescentes com autismo está sendo subestimado, ou os resultados escolares estão sendo ignorados.

A orientadora da pesquisa, professora Fernanda Dreux Miranda Fernandes, explica que os 85% de aprovação, mesmo que não signifiquem aprendizado, é resultado de uma gratidão. Ela acredita que o medo de o filho não ser aceito é tão grande que, somente o fato de a criança estar matriculada e com direito ao convívio já é visto como suficiente.  Um equívoco, explica Fernanda. "A socialização não pode ser vista como o mais importante". Mesmo porque, afirma, a maior parte das crianças com autismo consegue acompanhar o currículo de uma escola regular, ainda que alguns com um aproveitamento relativo, desde que com acompanhamento adequado. 

Tempo na escola

Outra questão que chamou atenção durante a pesquisa é que apenas 70% das crianças com autismo frequentam a escola durante toda a semana, enquanto mais de 16% vão apenas três dias por semana. Resultado de falta de estrutura e preparo, explica Fernanda Dreux. "A política pública é incluir as crianças em escolas regulares. Mas ainda há situações como a de professores que têm uma sala com 50 alunos e mais uma criança autista", pondera. 

A fonoaudióloga Danielle Defense, que trabalha com crianças autistas, diz que, mesmo aliviados, muitos pais acabam frustrados com a situação e não raro, têm um histórico de tentativas em muitas escolas. "Eles mostram bastante insatisfação em como são recebidos e como são ouvidos pelos professores e diretores, por mais que as crianças estivessem na escola. Há muita resistência." Ainda assim, Daniele insiste para que os pais não desistam, e acompanhem o progresso acadêmico do filho. "O trabalho de sociabilização é muito importante, mas a criança tem que ter aprendizado", completa.

FONTE: www.teses.usp.br – Ana Gabriela Lopes Pimentel