domingo, 10 de outubro de 2010

Soterrados

Após 66 dias de agonia, 33 mineiros soterrados no Chile receberam a possibilidade de escapar de seu purgatório neste sábado, após uma sonda perfuradora atingir o local em que eles se refugiaram após um desabamento no dia 5 de agosto. A informação de que uma perfuradora conseguiu chegar ao local provocou uma onda de celebrações, provocou lágrimas e alegrias entre as famílias dos mineiros acampadas ao redor da mina, localizada em San José, localizada a 850 quilômetros ao norte de Santiago, capital do país. Vários familiares, que se mantiveram em vigília ao redor da mina desde o desastre escalaram uma encosta na qual foram fincadas 32 bandeiras chilenas e um emblema da Bolívia, já que um dos mineiros é boliviano, e comemoraram com gritos de alegria e com sirenes. (www.oestadão.com.br/internacional)
                
                  Esta notícia foi a mais comentada nos últimos dias. Está acabando o terror!
                  Este acontecimento me fez refletir sobre uma questão: 33 homens abaixo da superficie, sem luz solar, sem muita água ou comida, pouco oxigenio e sem liberdade de ir e vir. Mas quantos estão soterrados mesmo que tenham a luz do sol? Bem, deixa eu explicar. Na vida temos 2 possibilidades evidentes: ou vivemos com clareza, assumindo os desafios, enfrentando as dificuldades e buscando o melhor para nós. Ou, vivemos soterrados, sem perceber a claridade, acreditando em conto de fadas e buscando algo que nunca chega. A luz do sol está a disposição de todos, mas nem todos conseguem suportá-la.
                 Acredito que a dificuldade física é muito mais fácil de administrar do que a psiquica/sentimental, tanto que os Mineiros estão vivos, apesar de muito debilitados. Resta saber agora como será a vida a partir do momento em que subirem a superfície. Quanto tempo será necessário para conseguirem viver como antes? Será possivel voltar a vida normal? Penso que irá depender muito da resiliencia (a capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas) de cada um. Somos colocados a prova todo momento, testados em nossas crenças, possibilidades, amores, paciencia e emoções. É preciso acreditar que somos capazes de passar por tudo isso sem "quebrar", sair do soterramento e aproveitar a luz do sol. É preciso ser cada vez mais resiliente, mais convicto de que a vida não é um filme onde podemos fechar os olhos nas partes ruins. Mas a possibilidade de mostrar para nós mesmos o quanto somos mais fortes do que pensamos, quando em vez de fechar os olhos buscamos uma lupa para melhor enxergar todos os detalhes.
                Virginia Pelizzoni

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